Engenharia 360

Design inteligente aplicado à economia de água

Engenharia 360
por Kamila Jessie
| 02/10/2019 | Atualizado em 30/06/2022 2 min
Imagem: Stanford University

Design inteligente aplicado à economia de água

por Kamila Jessie | 02/10/2019 | Atualizado em 30/06/2022
Imagem: Stanford University
Engenharia 360

Um experimento realizado no departamento de engenharia mecânica da universidade de Stanford investigou quanto uma pia autônoma que se adapta ao usuário poderia influenciar na redução do consumo de água. A curiosidade é que a tal torneira inteligente ainda não existe. A gente conta a história:

torneira inteligente | pia
Imagem: Stanford University

Pia inteligente, só que não:

A suposta “smart-torneira” permanece só um conceito, só que os testers não sabiam disso. William Jou e seus colegas do laboratório de engenharia mecânica fizeram outra coisa: uma torneira que parecia se ajustar automaticamente às preferências do usuário, mas, na verdade, era controlada por Jou. Basicamente, um placebo mecânico.

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Os resultados do experimento, detalhados em um artigo
científico apresentado em congresso, apoiam a ideia de que sumidouros
inteligentes cuidadosamente projetados poderiam ajudar a conservar a água,
regulando o uso da água e incentivando que os usuários desenvolvam hábitos mais
eco-friendly.

Como foi o experimento:

Os participantes desse experimento tiveram que lavar a louça três vezes, com Jou secretamente controlando a temperatura e o fluxo da pia apenas durante a segunda lavagem. Para criar uma situação “confiável” de uma pia inteligente que toma decisões sobre a água, Jou monitorou de perto os estilos de lavagem dos participantes durante a primeira rodada de limpeza, para ele poder imitá-los na segunda rodada.

Com Jou envolvido como observador oculto, os participantes
usaram cerca de 26% menos água em comparação com a primeira lavagem. Na
terceira rodada, eles ainda usavam 10% menos água em comparação com a primeira
rodada, apesar de a pia voltar a ficar “sem cérebro”. Essa mudança no uso da
água ocorreu sem que os participantes soubessem que o experimento era sobre
conservação da água. A seguir, o vídeo divulgado pela Stanford University:

Em pesquisas após o experimento, 96% dos participantes que interagiram com a pia inteligente (havia um grupo de controle que lavou a louça três vezes sem Jou) disseram pensarem haver potencial para que torneiras inteligentes economizassem água. Muitos deles até manifestaram interesse em comprar esse produto.

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Embora os resultados e a reação à lavagem com a assistência de Jou tenham sido impressionantes, os pesquisadores ficaram particularmente animados pela forma como uma breve interação com a função "autônoma" mudou o uso de água dos participantes.

A pia do futuro:

Os pesquisadores imaginam um futuro em que as pias dos
hospitais incentivam os funcionários a lavar as mãos adequadamente e nossas
preferências pessoais de pia e chuveiro podem ser transferidas para hotéis e
casas de amigos. Escolas e bairros poderiam organizar competições para
economizar água e aumentar a conscientização sobre a conservação da água. Por
meio de recursos adicionais, a pia pode até detectar vazamentos.

Dito isto, vale ressaltar que esse estudo sobre comportamento dos usuários implementados a pia inteligente exigiu anos de trabalho e nem sequer incluiu um algoritmo. Além de implantar a inteligência artificial, criar uma versão para produção em massa de uma torneira inteligente, que seja realmente autônoma, exigirá sensores capazes de diferenciar usuários. Ainda assim, os pesquisadores estão otimistas que estudos como esses possam lançar as bases para apoiar engenhosidades pensando em um futuro que agrade o usuário e seja amigável com o meio ambiente.


Fonte: Techxplore; IDETC-CIE.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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